Anotações sobre o livro "Liderança de produtos digitais" do Joaquim Torres

Lições sobre liderança de produto

Anotações sobre o livro "Liderança de produtos digitais" do Joaquim Torres
Photo by Aron Visuals / Unsplash

De imediato adianto que é um ótimo livro, principalmente para os líderes de produto que estão começando nesse papel. Compartilho muito das visões que o Joca tem em relação a posição, afinal ele foi um dos meus primeiros gestores de carreira, ainda quando eu trabalhava na Locaweb.

Esse texto não é exatamente um review, mas sim algumas anotações que eu fiz durante a leitura e um pouco da minha visão sobre alguns temas. Você pode adquirir o livro através deste link. Textos em itálicos são comentários ou contrapontos pessoais.

O papel de uma líder de produto

Segundo o Joca, um líder se divide nessas três funções:

  • Gerenciamento de expectativas: 50% a 80% do tempo
  • Visão e estratégia de produto: 10% do tempo
  • Atração de talentos e desenvolvimento das PMs: 10% a 40%

Concordo bastante que uma líder tenha essas responsabilidades, mas hoje enxergo que se a empresa tem uma estratégia bem sólida em que todas as pessoas tem conhecimento e a entendem bem, o gerenciamento de expectativas seria bem menor, uma vez que todos estão olhando para o mesmo lugar.

Realmente grande parte das líderes de produto atualmente tem que gerenciar expectativas o tempo todo, mas isso acontece por conta da maneira como a empresa está organizada e porque provavelmente é uma cultura baseada em entregas e não em resultados.

Carreira de gestão de produtos

A visão do Joca para carreira de gestão de produtos é a seguinte

Carreira de produtos. Reprodução autoriza pelo autor.

Visão essa que eu concordo 100%.

Visão e estratégia de produto

A visão de produto junto com a estratégia de produto são as duas das responsabilidades mais importantes de uma líder de produto. Joca fala sobre 6 passos para construir uma visão de produto:

  • Obter os objetivos estratégicos da empresa
  • Obter entendimento dos problemas e necessidades dos clientes
  • Desenhar a primeira versão da visão
  • Iterar e refinar
  • Comunicar
  • Revisar

Já para criar sua estratégia de produto, ele mostra algumas dicas sobre o que analisar, olhar e acompanhar

  • Análise de mercado
  • Análise de concorrentes
  • Mercado potencial e acessível
  • Crescimento do mercado
  • Disruptores
  • Regulamentação

Como ferramenta para organizar o raciocínio ele sugere a análise SWOT.

Antipadrões

Achei bem interessante esse capítulo de antipadrões de desenvolvimento de produto. Os que estão no livro são os seguintes:

  • Documentação: manter no mínimo, muito apoiado no ágil
  • Foco em dados: só tomar decisões quando tiver todos os dados possíveis é algo que vai deixar as decisões lentas e que pode levar a perder timing de mercado
  • Grande reescrita: reescrever o produto todo só em último do último caso
  • Lista de desejos: priorizar desejos para agradar stakeholders não é um caminho bom.

Cultura e valores

Compartilho muito com o que o Joca traz no livro, principalmente com ter a mentalidade e cultura de aprendizado, ambiente seguro. Ele cita cinco valores críticos:

  • Não desperdice tempo buscando culpados, foque nos aprendizados
  • Não compare situações de trabalho com guerra, ninguém quer matar ninguém
  • Lucro e receita são consequência, não devem ser o foco principal
  • Transparência, a fundação de um time de alta performance
  • Diversidade, a base dos melhores produtos

Princípios de liderança

Também compartilho muito sobre os princípios pessoas de liderança do Joca, salvo o que ele fala sobre pressão. O que ele nos traz são os seguintes:

  • Pessoas: a prioridade número 1 sempre. Não poderia concordar mais!
  • Liderar é como ser um médico
  • Liderando sob pressão
  • Mentoria é uma via de mão dupla
  • Como e quando delegar

Uma parte do texto que ele explica sobre liderança sob pressão, ele cita o seguinte trecho

“Não existe um ambiente de trabalho sem pressão. Não conheço nenhum local de trabalho em que as pessoas digam que as metas são fáceis, que não há riscos em entregar a meta ou que o projeto será entregue no prazo com 100% de confiança. Se a empresa está crescendo rapidamente, as pessoas precisam sustentar ou melhorar essa taxa de crescimento. Se a empresa está em crise, precisam tirar a empresa da crise.
E isso é bom! Na verdade, esta é a única maneira de fazer as coisas! As pessoas precisam de pressão para fazer as coisas.”

Eu não compartilho com essa visão. Também acho que toda empresa tem pressão em algum momento, mas prefiro me espelhar em Causas Justas do Simon Sinek para dar propósito e pertencimento para as pessoas se engajarem a dar o seu melhor, mesmo sem pressão a todo momento.

Ferramentas

Das ferramentas do dia a dia que o Joca indica no livro, eu destaco as seguintes:

  • Métricas de negócio e de produto com alta disponibilidade se possível
  • Avaliação de desempenho mais intimista, focada em realmente entender as pessoas e o contexto que elas estão inseridas no mundo
  • 1:1 com liderados e líderes, fundamental para toda líder
  • Reuniões periódicas com as líderes para falar sobre a estrutura dos times e problemas no geral. Demonstra colaboração e transparência com as pessoas
  • Product Council, que é uma reunião trimestral de apresentação de planejamento do time de desenvolvimento de produto para a liderança sênior da empresa
  • All-Hands: reuniões mensais com todas as pessoas do time de desenvolvimento de produto e outras convidadas, com o objetivo de comemorar os resultados, falar sobre lições aprendidas, falar sobre OKRs e outros assuntos.
  • Product Update: reunião mensal onde o time de produto apresenta para toda a empresa o que foi feito no último mês e o que está planejado para o próximo.
  • Reunião de P&L com o time para falar dos resultados que os produtos estão trazendo para a empresa em contraponto a todos os custos.

Outros pontos

Concordo 100% com o posicionamento do Joca sobre não achar legal as empresas adotarem termos de guerra em seus ambientes. Guerrilha, war room ou qualquer outro nome que venha de guerra não é algo que eu considere legal e use e é totalmente desnecessário. Não há motivo nenhum para usar termos tão agressivos e que tem histórias horríveis e lamentáveis e ainda continuam tendo nos dias atuais.

Outro ponto que concordo demais é sobre treinar as pessoas para que elas consigam entender sobre o negócio também. Não dá pra assumir que todos nasceram sabendo teorias financeiras e da administração e entender esses conceitos é fundamental para que todos os times consigam tomar melhores decisões e entendam o contexto como um todo.

Essas são as minhas anotações, mas tem muito mais no livro de forma detalhada. Sempre tento deixar em tópicos, pois se eu precisar voltar para me aprofundar, eu só preciso pesquisar os tópicos.

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