Como criar produtos éticos?
Por que você, como gestora de produto, é responsável pelos impactos do seu produto

Criar um Produto Digital é ético pode ser algo simples de se fazer. Geralmente todos os produtos digitais começam sem funcionalidades duvidosas ou padrões de jornadas que induzem o usuário ao erro. Mas é importante que desde o início os times responsáveis pelo produto sigam restrições para que o produto se fundamente em uma base sólida de transparência e conduta ética.
Para tanto, foi criado um Guia chamado Ethical OS, que tem como objetivo ajudar as empresas de produto e tecnologia a criarem seus serviços de maneira ética. Esse guia foi feito por uma parceira entre a Institute of Future e a Tech and Society Solutions Lab. Ambos os grupos focam seus estudos e iniciativas nos impactos que a tecnologia tem na sociedade, criando uma conexão entre pesquisadores que estudam e monitoram o crescimento de uma sociedade exposta à crescente tecnologia e as empresas que controlam e criam essas tecnologias.
Nesse guia que o Ethical OS oferece, eles abordam 3 pontos:
- Risco do amanhã, hoje: 14 cenários para discutir e imaginar sobre os impactos de longo prazo da tecnologia que a empresa está construindo hoje;
- Conferir sua Tecnologia: um checklist com oito zonas de risco para ajudar o time a identificar quais áreas precisam ser consideradas levando em consideração o cenário do seu produto;
- Estratégias a prova de futuro: sete estratégias que ajudam a empresa e seu time a ter uma ação mais ética hoje;
As oito Zonas de Risco citadas pela Ethical OS são:
- Verdade, Desinformação e Propaganda;
- Vício e Economia da Dopamina;
- Economia e Desigualdade;
- Ética de máquina e Vieses de algoritmo;
- Estado de vigilância;
- Controle de dados e monetização;
- Confiança Implícita e Compreensão do Usuário;
- Ódio e Autores Criminosos (no inglês são Criminal Actors, traduzi livremente);
Diagrama das 8 zonas de risco pela EthicalOS
Existem importantes pontos de vista que devem ser observados pelos times de empresas de produtos. Só para citar alguns:
- Promoção de informações erradas/mentirosas;
- Criação de algoritmos com vieses;
- Funcionalidades que incentivam o vício do uso;
- Centralização da atenção dos usuários (sobretudo crianças);
- Superficialidade das relações sociais;
Algumas perguntas importantes que você, como PM, deveria sempre observar para fomentar práticas éticas no time e na empresa:
- Como produtos com informações e jornadas transparentes, com textos e formatos fáceis de entender?
- Como fazer um produto que incentive o acesso facilitado por pessoas que tem pouco ou nenhum conhecimento digital?
- Como fazer os usuários engajarem mais no produto, sem utilizar técnicas de gatilhos emocionais ou mentais?
- Como criar algoritmos neutros e livres de qualquer viés, seja de forma proposital e direcionada, ou por falta de atenção?
- Como criar serviços que não incentivem a superficialidade das relações?
Sempre devemos avaliar a ética digital a partir de uma camada mais macro, enxergando a interconexão entre pessoas, empresas e mercados. É aqui que o produto que você constrói é apenas um dos meios que influenciam a conduta ética das pessoas e da sua empresa, se misturando entre dezenas de outras formas, que muitas vezes nem fazem interface direta com o usuário.
Referências:
- Who’s Responsible? The Ethics of the Sharing Economy
- The ethics of digital design
- What is Digital Ethics?: 10 Key Issues Which Will Shape Our Future
- O Rene de Paula Jr vive falando sobre ética nos serviços digitais, sobretudo uso de dados e privacidade
- Dark Patterns
- Uber and the Ethics of Sharing: Exploring the Societal Promises and Responsibilities of the Sharing Economy
- No Brasil em crise profunda, aplicativos como Uber e iFood se tornaram o símbolo dos empregos temporários e mal-remunerados
- Na gig economy, nem todo mundo está sendo Rappi o suficiente
- A fluidez do mundo líquido de Zygmunt Bauman