O que eu acho que é a principal responsabilidade de pessoas que gerem produtos/serviços digitais

O que eu acho que é a principal responsabilidade de pessoas que gerem produtos/serviços digitais

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Háa e nessa quinta 28/10 às 19:00 hrs no Linkedin do Product Guru's, eu e o Pablo Silva vamos falar ao vivo sobre como conectar estratégia de negócio e de produto.

Link para o evento! Vamos?


PM Letter #119

A sua responsabilidade é movimentar indicadores de negócio por meio do produto.

Eu já estaria satisfeito com essa resposta, mas eu sei que talvez eu seria mal interpretado ou eu poderia estar sendo simplista demais. O "movimentar indicadores de negócio" guarda muito mais segredos do que podemos imaginar.

Um disclaimer: tudo o que eu falar aqui remete a uma realidade que talvez esteja muito longe do que você conhece. Então, isso tudo se refere a apenas o que eu acho que deveria acontecer e é o que eu tento garantir na Sympla atualmente e nos outros lugares que eu passei.

O contexto principal

O principal contexto que pessoas que gerem produto devem ter bem claro na cabeça é "qual é o jogo que a empresa está jogando e como ela tenta vencer esse jogo". Esse é o pensamento mais tradicional de estratégia puxada pelo A. G. Lafley e Roger L. Martin. Eles dizem que a estratégia deve responder 5 questões básicas:

  1. O que é nossa aspiração de vitória? A proposta de valor da empresa, o que move a sua aspiração;
  2. Onde iremos jogar? O campo, posição, onde nós iremos atingir nossa aspiração de vitória;
  3. Como nós iremos vencer? A forma com que iremos vencer nesse campo escolhido;
  4. Quais as capacidades devemos ter na empresa? Quais as capacidades, skills e recursos devemos adquirir ou formar na empresa?
  5. Como iremos gerir e mensurar? Quais os sistemas e medidas que irão nos ajudar a suportar e monitorar essas escolhas?

Nada muito difícil de entender ou que você não tenha visto anteriormente. É simples: conheça o mercado em que sua empresa atua, como ela se posiciona no mercado e principalmente qual a diferenciação da sua empresa perante todos os outros. Essa coisa de diferenciação vem muito do Porter, onde ele diz que estratégia é um conjunto de escolhas que tragam diferenciação para o que a empresa entrega como proposta de valor. Ou quase isso.

Obviamente, para que as respostas a estas questões façam sentido, você precisa entender o que vem antes: missão/visão da empresa. Melhor seria se a empresa tivesse uma Causa Justa, aí sim, você teria uma base sólida para entender todos os "por quês".

Se você não entende esse contexto, você não consegue gerir o produto. O produto sendo um dos meios (hoje em dia, um dos principais meios) que transmite a proposta de valor da empresa para o mercado, deve ser gerido por alguém que realmente conheça como esse meio pode levar à diferenciação e causar impacto.

O impacto

O impacto é basicamente o resultado gerado para a empresa. Não é qualquer impacto, é o impacto que a empresa precisa para aquele momento, para aquele timing, para aquele mercado e para aquele segmentos de clientes.

Esse impacto quem define não é você. Desculpe decepcionar. Por quê? Simples: PM não decide negócio. Então, antes de querer causar qualquer impacto, você precisa saber qual é o impacto esperado por quem define esse impacto. E quem define o impacto? Simples também: diretoria, investidores, founders.

Contudo, a definição de qual impacto eles esperam que aconteça não é tirada aleatória de uma reunião regada a álcool e alucinógenos. Pelo contrário, eles olham duas coisas principais: movimento de mercado e clientes. Pois é. Nada mais do que isso.

Eles tentam prever ou entender as influências que estão mudando o rumo do mercado, que estão forçando as mudanças do mercado e como eles irão se posicionar perante essas mudanças. o que causa mudanças no mercado? Resposta: empresas, tecnologia, novidades, concorrências, natureza, política, etc.

Clientes são pessoas. Pessoas têm necessidades, problemas e desejos. Elas querem usar produtos e serviços que lhe tragam algum tipo de benefício ou facilitação. Elas querem perceber valor ao usar seu serviço. Entender quais as motivações pelas quais as pessoas usam os serviços que elas estão usando, ajuda a prever e a entender mais profundamente suas tendências e seus momentos.

A entrega de resultado

Ninguém está realmente interessado se você vai construir um roadmap usando Miro ou um gráfico de Gantt no Google Spreadsheet. Ninguém quer saber se você vai precisar escrever e-mails ou histórias para desenvolvedores. Se você vai precisar aprender SQL para exportar dados ou ter que ler gráficos maravilhosos no Tableau.

Ninguém quer saber que você usa Continuous Discovery, ou que você domina as melhores práticas de facilitação de entrevista de usuário. Ninguém quer saber dos discursos de Design Thinking ou do último artigo sobre inovação que você leu no HBR.

O que todo mundo quer saber é se o que você vai entregar depois de tudo isso vai realmente causar resultado para o negócio por meio de uma mudança de comportamento do usuário.

Mudança de comportamento só acontece quando se entrega "coisas". Essas coisas servem para que você mude algum tipo de comportamento no usuário. Essa mudança de comportamento deve direcionar para resultados diretos no produto, que irão resultar, de alguma forma, impacto no negócio.

  • PMs são responsáveis pelos resultados gerados pelas entregas do time;

    • Os outputs são de responsabilidade do time, mas os outputs são definidos de acordo com os outcomes escolhidos;

    • PMs e Líderes de Produto devem escolhidos Outcomes que estejam mais próximos de gerar impacto;

    • Outcomes devem estimular mudança de comportamento do usuário. Caso contrário, o que foi entregue é neutro, não move ponteiro;

  • Quanto mais você fica experiente:

    • mais resultado conectado à estratégia da empresa consegue entregar;

    • menos apego à ideias se tem;

    • prevê quais impactos importantes e esperados pelos stakeholders;

É incrível o quanto eu vejo PMs totalmente focados no produto. Parece ser contra-intuitivo, mas quanto mais imerso no produto, mais você tem a tendência de servir ao produto, e não ao propósito pelo qual o produto (e a empresa) foi criado, resultado na infelicidade do usuário. Você começa a pensar em features e iniciativas que são boas apenas para o produto, não para a empresa e/ou usuário.

PMs são responsáveis por entregar resultados, por meio de estratégias claras de produto e execuções eficientes, de forma que entreguem valor para o negócio por meio das mudanças de comportamento do usuário.

Referências:

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