Opinião: a glamourização do Product Manager
As pessoas querem poder. Elas querem decidir as coisas. Ser PM é um caminho fácil, mas mentiroso, de conseguir isso
Eu virei Product Manager porque eu via vários Product Managers usando seu “poder” da forma errada. Eu ficava embasbacado como eles não conseguiam enxergar as possibilidades do próprio produto e não usavam de maneira eficaz a autonomia que eles tinham na empresa em questão. Eu achava que poderia fazer melhor. E deixando a modéstia de lado, sim, consegui fazer melhor, mas exercer o papel não foi nada do que eu havia pensado que seria.
Eu achava que sendo um Product Manager eu poderia decidir as coisas. Mentira. Eu achava que eu poderia ser dono do produto. Mentira. Eu achava que poderia definir o roadmap de acordo com o impacto no negócio. Mentira. Essas e outras fantasias foram destruídas durante a minha jornada de amadurecimento nessa carreira e eu percebi que ser Product Manager é, em muitos momentos, apenas aquele boneco que leva porrada de todos os lados. Em outros momentos, percebi que a influência é a arma mais importante em todas as esferas de relacionamento do PM. Percebi que ser um generalista (não um superficialista) no meio de especialistas tem um valor gigante para o negócio e principalmente para o produto. Mas ainda assim, percebi que a responsabilidade do PM estava muito glamourizada pelo mercado.
As pessoas querem poder. Elas querem decidir as coisas. Ser PM é um caminho fácil, mas mentiroso, de conseguir isso. O que as pessoas querem é se sentirem importantes e acham que seguindo uma carreira de PM isso vai acontecer. Para começar a palavra “poder” leva muito mais significado do que simplesmente ter autoridade. Poder quer dizer que você tem a possibilidade de abrir portas. Antes de me tornar PM eu coordenava times de produto. Embora eu pudesse influenciar muito positivamente o trabalho do time, desbloqueando problemas, adiantando respostas ou facilitando o ambiente de trabalho, eu percebi que se eu estivesse exercendo um papel no topo do funil, onde as demandas chegam e há uma aproximação da cadeia estratégica, eu poderia influenciar decisões que fariam um bem para o time, e além disso, para o produto. Percebi que sendo PM eu poderia tornar MUITO mais fácil a vida de todos envolvidos na cadeia de construção de produto.
Usar analogias como “O PM é o maestro do time” ou “O PM é como se fosse o CEO do produto” só servem para colocar o PM em um pedestal que não existe. Isso não condiz com a realidade. Pelo contrário. Não há nada de glamouroso no trabalho do PM. Ele é um jogador do time, com um papel bem definido, que vai receber a bola de outro integrante do time e tem que tocar essa bola da melhor maneira possível para a pessoa realmente tem as competências necessárias para fazer o gol. O PM só existe por uma falha no sistema. Mas essa é outra história.
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Diego Eis é Head de Produtos Digitais na Sympla.
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